quarta-feira, 2 de maio de 2012

Auge nos anos 90 e estreando no País, James diz: "não fazemos hits"

São quase 30 anos de carreira (e milhões de cópias vendidas), mas James nunca conseguiu um tempinho para se apresentar no Brasil. A situação mudou na segunda-feira (30), quando a banda inglesa fez o primeiro show no País, no Cine Joia, em São Paulo. Saul Davies, percussionista do grupo, prometeu um show excelente para compensar o tempo longe. "Estamos na nossa melhor fase agora. Temos quase 30 anos de banda e somos mais profissionais, sem ser entendiante, sem se tornar um emprego", afirmou ele em entrevista ao Terra.
Apesar do sucesso declarado nos números de vendas de álbuns, que atingiram o ápice nos anos 90, Saul explica que, além da banda não ser muito adepta dos ensaios - "não queríamos nos tornar técnicos da música" -, nunca foram para estúdio pensando em fazer algo vendável que se tornasse um single. "Tocamos música com o coração. Eu sei que isso soa patético, mas é verdade, somos emocionais. Não sentamos para fazer hits de sucesso, sentamos para fazer som, e isso não mudou", disse. James se apresentou recentemente em um dos maiores festivais musicais do mundo, o Coachella, nos Estados Unidos. Com a responsabilidade de tocar no palco principal (apesar de o horário não ser o dos mais nobres, uma sexta-feira à tarde), tinham medo que poucos fãs aparecessem para a presentação, o que não aconteceu. Ainda assim, Saul diz que esse tipo de apresentação não é o seu favorito. "Pessoalmente, prefiro tocar em um club pequeno de São Paulo com pessoas que realmente querem estar lá", comentou. Há alguns anos, a apresentação seria algo possível de acontecer. Em 2001, a banda se separou sem intenção de voltar. "Tínhamos que terminar. Estávamos nos odiando. Na época, nem pensávamos mais em conversar uns com os outros", disse. A culpa do ódio é o que ele chama de "quintessência" do rock. "Bebíamos e todo o resto. Estávamos acabando com a nossa amizade e com a banda. Não estávamos felizes", explica. O hiato da banda durou até 2007, quando eles começaram a sentir "falta do processo". Voltar não foi uma decisão fácil. Com o ápice da banda agora no passado e um tempo longe do cenário, achavam que não teriam muitos fãs restantes. Mas tudo mudou quando decidiram fazer a primeira turnê de retorno. "Voltamos com uma turnê e venderam em um dia! Pensamos, porra, temos fãs!", riu Saul. A passagem do tempo mudou algumas coisas na banda, como não poderia deixar de ser. Não estão mais no auge, é verdade, mas agora encontraram fãs em vilarejos da Rússia e outros lugares remotos, diz o músico, graças à internet. Por isso, acabam fazendo shows em outros países (após o Brasil, farão a estreia na Argentina). Para "desculpar" a ausência, ele brinca que a banda é composta por ingleses que não estão acostumados com o tempo quente daqui. "E a língua de vocês é difícil", diz, para em seguida, aos risos, emendar em português claro mas com sotaque de Portugual: "da próxima vez vocês podem me entrevistar em português. Minha mulher é do Porto".

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