segunda-feira, 9 de abril de 2012

Lollapalooza estreia bem, ganha com Foo Fighters, mas peca no básico

MARIANA GHORAYEB
OSMAR PORTILHO
TIAGO AGOSTINI
RENATO BEOLCHI
Direto de São Paulo

Quando Perry Farrell, líder do Jane's Addiction, idealizou um festival de rock no início dos anos 90 provavelmente não imaginou que seus shows atravessariam o hemisfério. Mas foi isso que aconteceu duas décadas depois. Após nascer como um evento itinerário e se estabelecer em Chicago, o Lollapalooza ganhou uma edição em Santiago. Em 2012, a capital chilena novamente foi palco das atrações, assim como o Brasil, que teve sua estreia do evento no Jockey Club, em São Paulo. Nos moldes similares ao embrião de Chicago, o festival aconteceu com cenário urbano cravado em grandes capitais para facilitar o acesso do público - o que não aconteceu na capital paulista.


Fugindo dos festivais tradicionais do segundo semestre, o Lollapalooza aconteceu nos dias 7 e 8 de abril, levando cerca de 130 mil pessoas para ver 50 atrações. O roteiro de shows ganhou alguns nomes já conhecidos, como Gogol Bordello, MGMT e o próprio Jane's Addiction. Por outro lado, também trouxe boas surpresas como Cage the Elephant, Band of Horses, Manchester Orchestrar e o maior trunfo: Foo Fighters. Conduzidos por Dave Grohl, que cada vez mais consolida a imagem de "cara mais legal do rock", os músicos norte-americanos fizeram o maior show do festival. Com 2h30 de duração passearam por sucessos como All My Life, Best of You, Times Like These, My Hero, Monkey Wrench e Everlong.
Com uma atração tão "grande" no primeiro dia, o line up se deu ao luxo de segurar parte das atrações equivalentes para o seu encerramento. No sábado, boas surpresas incendiaram o público, como o explosivo show da banda Cage the Elephant. Já no domingo, a escalação dos grupos se mostrou mais homogênea e reservou momentos diferentes ao longo do dia, que contou com a festa do Gogol Bordello, o groove do Thievery Corporation e os sucessos do Arctic Monkeys.
Embora tenha conquistado o público com shows de qualidade e boas apresentações de grupos estreantes no Brasil, o Lollapalooza sofreu com sua estrutura quando o assunto foi serviços (comida e banheiros), transporte, trânsito e som encavalado entre os palcos principais e a tenda eletrônica.

Confira os altos e baixos do Lollapalooza Brasil

Som

Alguns acertos e alguns erros. O palco Cidade Jardim se mostrou bem localizado, principalmente durante o show do Foo Fighters. Com boas áreas laterais supriu a necessidade de um grande público, mesmo com a visão prejudicada a longa distância.
Por outro lado, o palco Alternativo e o palco Butantã sofreram. O primeiro teve seu som prejudicado pelo Cidade Jardim. O segundo teve seu som arruinado pela tenda eletrônica, cujas batidas vazavam para todos que estavam na parte final da pista.

Brasileiros

A escalação de bandas brasileiras - fato que gerou certa polêmica no anúncio do festival - funcionou com diversos nomes que tocaram durante o dia. Wander Wildner, que abriu o palco Butantã no sábado, ganhou a plateia com seu carisma e hits como Bebendo Vinho e Amigo Punk. Com sucessos de sobra na bagagem, O Rappa também não teve problemas para enfrentar a massa de fãs. Me Deixa e A Minha Alma foram hits certeiros.
Já no domingo, os baianos do Cascadura tiveram que se contentar com um show apenas morno na abertura do palco Butantã. Do outro lado da arena, a Plebe Rude resgatou sucessos do rock brasileiro e ganhou seu fãs com hits como Até Quando Esperar?.
Disputando horário com os ingleses do Friendly Fires, os goianos do Black Drawing Chalks conquistaram quem prefere rock pesado e lotou o Palco Alternativo no meio da tarde de domingo. Entre as faixas que fizeram a plateia pular estavam My Favourite Way, Big Deal, My Radio e as novas Street Rider e Cut Myself in Two.

Transporte

Um dos maiores trunfos das edições em Chicago e Santiago do Lollapalooza é o transporte. Cravados nas proximidades de grandes centros, os festivais ficam em rotas de ônibus, metrôs e transporte público em geral. No Brasil, essa funcionalidade caiu para quase zero.
Mesmo com a chegada tranquila ao Jockey Club, em São Paulo, a saída se tornou caótica. A cena vista em outros grandes festivais se repetiu: taxistas cobrando preços abusivos - até R$ 100 por corridas que não passariam de R$ 20 -, poucos ônibus, carros de sobra, trânsito e pedestres se arriscando entre veículos. Na Marginal Pinheiros, que não possui calçada e nem acostamento, era possível ver grupo de pessoas andando na escuridão se arriscando entre os carros.

Pontualidade

Nova "tendência" - que deveria ser regra - dos festivais, a pontualidade se fez presente no Lollapalooza. Shows aconteceram na hora e respeitaram sua duração, mesmo com algumas músicas cortadas, fato que aconteceu com Wander Wildner que deixou o palco antes de seu término.

Sol

O sol castigou o público no primeiro e no segundo dia. Temperaturas que passaram dos 30°C "torraram" o público. Sem qualquer sombra de refúgio, os fãs de música se empilharam atrás de estruturas ou se esconderam sob cangas, blusas e toalhas para tentar minimizar o calor.

Serviços

Outro ponto já tradicional dos grandes eventos também não mudou de figura. Filas quilométricas para se comprar um hambúrguer industrializado com preço exagerado (R$ 8) e reclamações de filas nos banheiros sujos também não faltaram.

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