quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

'Bebia quase 5 litros de vodca por dia', diz ex-Guns N' Roses.

Há 17 anos, aos 30 anos de idade, o ex-baixista do Guns N' Roses Duff McKagan foi parar no hospital com uma crise de pancreatite aguda induzida pelo consumo excessivo de álcool.


Seu pâncreas, do tamanho de uma bola de rúgbi, estava tão inchado que se rompeu, liberando enzimas da digestão em seu corpo e provocando queimaduras de terceiro grau.
Naquele momento, McKagan entendeu que teria de escolher entre um estilo de vida regado a álcool e drogas e a vida. "Me vi cada vez mais próximo da insanidade à medida que piorava a minha ingestão de bebidas e drogas", disse McKagan à BBC.
"Felizmente para mim, meu pâncreas não aguentou, caso contrário eu teria me afogado em vômito", contou. A dor era tão insuportável, disse McKagan, que ele chegou a implorar ao cirurgião que o matasse.
"Quando me deram morfina e a dor não foi embora, compreendi que a situação era muito séria. Eles fizeram um ultrassom, meu pâncreas estava imenso. O cirurgião disse que eles teriam de cortar um pedaço do meu pâncreas e foi nesse momento que eu disse: 'me matem'".
"Fiquei no hospital duas semanas e isso me deu tempo para realmente pensar em como tinha chegado àquele ponto".
Bom filho
Além dos médicos lhe dizendo que ele morreria se não parasse de beber, a ideia de ficar bem para agradar a mãe foi o incentivo final para que McKagan finalmente ficasse sóbrio.
"Sou o último de oito filhos, minha mãe veio ao hospital. Ela tinha (mal de) Parkinson e seu filho mais jovem estava em um hospital com tubos entrando e saindo dele. Eu estava à beira da morte e sabia que a ordem das coisas estava absolutamente errada. Pensei, vou ficar bom, nem que seja pela minha mãe. Vou tentar ser um bom filho. Assim começou minha recuperação".
Em 1986, os integrantes dos Guns N' Roses viviam em um apartamento alugado de um quarto, sem dinheiro. Um ano depois, seu álbum de estreia estourou nas paradas e a vida do grupo se transformou.
McKagan disse que não existia um manual para ensinar a ele e aos parceiros como lidar com essa mudança repentina de estilo de vida. Ele começou a beber porque achava que isso ajudaria a evitar os ataques de pânico que ele sofria desde a adolescência.
McKagan disse que, no pico do seu consumo, bebia "um galão (4,5 litros) de vodca por dia". Depois, passou a beber dez garrafas de vinho por dia "quando estava tentando dar uma diminuída".
Ele não culpa o rock pelo vício, mas disse que por causa do imenso sucesso da banda, não havia "tempo para que lidasse com a minha síndrome do pânico, que na verdade estava na raiz do meu consumo e automedicação".
Sede de Água
Após seu pâncreas ter voltado ao tamanho normal e ele ter recebido alta do hospital, McKagan não foi para uma clínica. Começou a praticar ciclismo de montanha.
"Nos primeiros meses eu ainda tinha as tremedeiras e não conhecia ninguém sóbrio, então andava de bicicleta", contou. "No começo parecia autoflagelação, estava punindo a mim mesmo por ter decepcionado minha mãe e alguns dos meus amigos".
"Mas também comecei a me sentir inteiro, eu estava bebendo água pela primeira vez, eu literalmente não bebia água há dez anos. Comecei a comer comida saudável e a ler livros".
O músico também começou a encontrar extratos bancários do tempo dos Guns N' Roses no seu porão, coisas que ele não entendia mas tinha vergonha de perguntar.
Isso foi mais um incentivo para que ele mudasse. McKagan decidiu que queria aprender sobre finanças. "Eu tinha 30 anos, estava sóbrio e milionário, não sabia o que era uma ação ou um bônus e não confiava em ninguém na minha indústria. Então fui fazer aulas em um colégio comunitário".
Interessado na vida acadêmica, o músico se matriculou na Seattle University. Um grande passo para alguém que não tinha completado o ensino médio.
Hoje ele escreve uma coluna regular na revista Playboy chamada Duffonomics, fundou sua própria empresa de administração de bens e ajuda músicos com suas finanças.
Entretanto, ele também diz que os Guns N' Roses não poderiam ter feito a música que fizeram sem o estilo de vida que os acompanhava. "Tivemos que ir aos extremos para criar aquelas canções. Nosso primeiro disco era todo sobre a vida que estávamos levando".

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