quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Velhas Virgens lançou DVD comemorativo de 25 anos em Porto Alegre.

Opinião Rock Bar, Porto Alegre/RS (01/12/2011)



Texto por Caesar Cezar de Cesar e fotos por Rachell Kolodsiejski



Mais uma vez somos presenteados com uma apresentação especial do Velhas Virgens para Porto Alegre, este momentos me fazem lembrar que somos mesmo uma cidade especial e muito dedicada ao Rock'n'Roll pois não foi a primeira e nem vai ser a última banda que grava algo oficial por aqui e ainda volta para fazer o lançamento do material. Desta vez o show tratava-se disso, o lançamento do novo DVD do Velhas Virgens, gravado no Bar Opinião, dia 09 de Junho deste ano, quando nos presentearam não somente com as gravações, mas com a grande festa de aniversário de 25 anos da banda, temática do DVD.

Desta vez para falar do show será necessário cuidado para não cair no velho ditado "chover no molhado", pois novamente tivemos todos os brindes, festejos, exageros e “putarias” de outrora. Talvez com um pouco menos de euforia, não da banda certamente, mas do público, que não lotou o Opinião, imagino que isto se deve a divulgação no mesmo panfleto do show do Matanza na semana seguinte, desta forma o público que gosta das duas bandas pode ter selecionado o outro show. Também existe o fator canseira do povo roqueiro trabalhador que se vê indisposto para ir a um show que está marcado muito tarde em uma quinta-feira. Acredito que os produtores precisam começar a mudar isso e realizar os eventos mais cedo, assim não teria tanta redução de público. Claro que muitos vão dizer que a gravação do DVD também foi numa quinta-feira e mesmo assim ainda rolou aquela "saideira" muito louca, mas cabe lembrar que naquela ocasião existia um "plus a mais" que era a gravação, pois todo mundo queria ficar famoso, mesmo que por alguns segundos, aparecendo no DVD. No entanto nada disto vem ao caso agora, o fato é que o público parecia menos animado e um pouco menor que da última vez. No entanto o show foi de altíssima qualidade por parte da banda principal e das bandas de abertura que deram início ao famigerado festival de baixaria sempre bem animado do Velhas Virgens.

Bem, agora vamos aos shows. Finalmente às 23h15min, numa noite de quinta-feira (coisa de guerreiro do rock mesmo), entra em palco a primeira banda, desta vez é a Bluecets, com um rock'n'blues muito animado, algo que não se vê com muita freqüência por ai, principalmente por tocar apenas músicas de própria autoria em português, além de agradar liricamente pela irreverência, também soa muito bem encaixadas no instrumental, que, diga-se de passagem, não deixou absolutamente nada a desejar. Existia um grande agravante de dificuldade: Era o primeiro show da banda no Bar Opinião, uma casa grande, um público muito grande e sedento por rock'n'roll. Isto poderia deixar qualquer um tremendo, mas para contrariar, a Bluecets fez um show fantástico, coeso e animado, mostrando como deve ser o verdadeiro entrosamento de uma banda, sem parecer robô, mas sem erros e conseguindo apresentar um belo rock'n'roll com alma de blues que empolgou a galera que curtiu e ovacionou. O show foi curto, cerca de 35 minutos, mas suficiente para se entender por que esta banda vem se destacando na noite de Porto Alegre. Formada por Franco Silva nos vocais, Mateus Alencastro e Eduardo Abelin nas Guitarras, Rafael Souza no Baixo, Rafael Zug na Bateria e Fernando Tedesco nas Harmônicas (e aleatóriedades). O Setlist foi composto por "À Procura Do Bar", "Aí Não Dá Né?", "Não Dá Nada", "Poker Blues", "Juanito", "Do Último Show", "O Diabo Não Blefa".

Depois da festa já armada e a energia fluindo dentro da casa, entra em palco a banda Tia Sila, por volta das 00:00, devido também a velocidade impressionante da troca de equipamento pela equipe de palco do evento. Tia Sila é formada por ótimos músicos que conseguiram animar a galera, mas infelizmente não me animaram como a banda anterior. Isto se deve principalmente ao meu desinteresse por bandas que tocam tantas músicas de autores já famosos em um show no qual tenho o objetivo de conhecer algo novo. Óbvio que isto é minha opinião, mas acredito que esse tipo de repertório já tem muito espaço em festas nas casas noturnas de Porto Alegre e arredores, então neste momento acho que deveria ser mais focado em bandas que primam o som autoral. O show realmente chamou a atenção do público em geral, pois quase todos conheciam boa parte das músicas, afinal eram clássicos absolutos de grandes nomes como Raul Seixas, Mutantes, Camisa de Vênus entre outros. A parte interessante do show ficou por conta de harmonias recriadas no saxofone, além de novos arranjos que eram perceptíveis nas músicas mais famosas que foram executadas. Pelo que pude notar houve a execução de uma música própria chamada: "Pobre Menino", infelizmente não conheço o repertório da banda e não reconheci outras músicas, além de ter assistido a este show mais afastado.

Agora sim, finalmente chegou a hora de ver o ouvir o que todos estavam esperando, o grande show de lançamento do DVD do Velhas Virgens, já passado da 1 da manhã, realmente é impressionante o gás do público roqueiro e não dá para dizer que era apenas gurizada que não tem nada pra fazer no dia seguinte, o show estava repleto de pessoas que certamente acompanham a banda a muitos e muitos anos e já não cozinham na primeira fervura como este que voz escreve. Devo relembrar que desta vez será difícil escrever sobre este show sem ser repetitivo, pois a pouco mais de cinco meses, neste mesmo canal de mídia, descrevi detalhadamente cada momento do show, no entanto o que estávamos prestes a ver era praticamente o mesmo evento revisitado. Também sou obrigado a comentar que no geral não fiquei tão empolgado com o que se apresentava no decorrer do show, a banda estava animada, estavam se empenhando muito em fazer um bom show, no entanto estava tudo muito parecido, até mesmo as mesmas piadas, comentários, trajes e encenações de putaria do show anterior foram repetidas com poucas alterações, o set foi tocado praticamente na mesma ordem, tanto que não sei nem dizer se houve alteração, exceto pelo final que não houve as repetições e adicionais que foram necessários para a gravação do DVD. Em certo ponto do evento eu já estava ouvindo no automático, visto que o show anterior foi inesquecível e ainda estava quente em minha mente.

Revisitando um comentário que já fiz, novamente estava lá, postado em frente a um palco levemente estranho e uma banda que adoro sentada com violões no colo e executando o tal "ato" acústico do DVD, com músicas lado B naquele ar de buteco em fim de tarde quando a ressaca acabou de passar. Paulão fez novamente aquele seu comentário longo sobre tudo que aconteceu no ano de 1986, é realmente muito engraçado, vale a pena ouvir de novo e o público realmente gosta. Acredito inclusive que o Paulão adicione algumas besteiras novas no seu relato sobre tudo que acontecia no mundo, engraçado ou não, enquanto o Velhas Virgens dava seu primeiro berro pós-parto bem sucedido entre Paulão de Carvalho e Alexandre "Cavalo". Uma das piadas que deve ser nova, ou não prestei atenção da outra vez, foi a chamada para a música: "Esse seu Buraquinho", é muito divertido associar esta música a "pobre" Sandy, nova rainha do buraquinho no Brasil, por contar suas historinhas que só os pais dela acreditam (risos). Acho que esta piada pode ser nova, pois ele fez referência a apresentação que fizeram no programa do Jô Soares da rede Globo em Agosto desde ano, após sua última vinda a POA. Lembro bem deste programa, pois dei muitas gargalhadas ao ouvir o Paulão falar em rede nacional o que esta música era dedicada à mocinha tão idolatrada pela mesma rede, isso foi realmente sensacional e divertido.

Felizmente para melhorar meu ânimo, que estava um pouco baixo, aquele "ato" acústico chegou ao seu fim e o Velhas Virgens volta a ser a banda de rock'n'roll suja e descarada que eu esperava ver. Rapidamente o palco é removido e surgem as músicas mais animadas para divertir mesmo a galera que não parecia desanimar com nada, inclusive preciso dizer que mesmo com o público menor os coros e cantorias eram muito fortes, muita gente cantando as músicas junto com a banda e se divertindo muito, me diverti muito vendo que muitos olhavam para a moça ao seu lado e ofereciam frases dignas de amor eterno como: "Tudo que eu fiz foi lindo, mas foi só pra te comer..." ou então: "Te largo falando sozinha e vou pro bar...". Mais uma das partes altas do show é revisitada, desta vez é o retorno da "simpática" e sensual Juliana Kosso, vestida de colegial com referência clara ao guitarrista do ACDC, que não preciso nem escrever o nome, encarnando nada menos que "A Mulher do Diabo", muito ovacionada pelo público, mas eu duvido que foi pela boa voz da cantora por traz do shorts curto que andava sobre o palco (risos). Das participações divertidas e sensuais de Juliana, uma que nunca pode deixar de ser comentada é a música "Abre Essas Pernas", não há nada mais divertido que ouvir o público fazendo o leilão ao final da música e toda encenação inspirada pela letra, além da grande quantidade de elogios emocionados do público para com a moça de tamanha simpatia que sorri ao ouvir palavrões sobre sua reputação. Como se já não bastasse o público animado cantando as pérolas da “bagaceirisse” que o Velhas inventou, Paulão ainda pede as moças do recinto que se aproximem de seus casais, ou de qualquer rapaz ao seu lado para ajudá-las na interpretação da música “Siririca Baby”, pode-se imaginar o resto, certo?

Dentre as novidades ocorridas neste show, uma que não posso deixar de comentar foi o aviso de Paulão sobre uma participação dele na gravação do clipe de uma banda após o show. A banda em questão já é muito conhecida aqui em POA, o Cartel da Cevada. Paulão participou do primeiro CD do Cartel, cantando a música "Elas por Elas" que vibra muito bem na temática do Velhas Virgens e agora estaria gravando um clipe para esta música naquele mesmo bar que outrora ocorreu a famigerada “saideira” com o Velhas, o bar mais rock'n'roll da cidade, Eclipse Studio Bar, bem ali perto do Bar Opinião. Desta vez Paulão estava com a camisa da banda no show e convidou o público para comparecer na gravação. Como não poderia deixar de ser, eu estava lá novamente para presenciar este momento, ver bem de perto o que estava para acontecer em uma gravação com um músico louco, “bebasso” e vestido com um roupão de saída de banho ou algo assim, só podia ser ele, mais ninguém se daria o trabalho de encarar uma dessas. Foi muito divertido, o bar estava bem cheio, repleto de amigos, aquela tranqüilidade de sempre e muita ceva boa o qual nunca pode faltar. No final, mesmo sendo um show praticamente revisitado, voltei para casa muito satisfeito com o evento que acabara de participar, tanto pela diversão, quanto pela música, bebedeira e toda putaria lírica que nunca falta em um show como este. Provavelmente o próximo show deles aqui será diferente, talvez um “setlist” novo com músicas de um próximo álbum, mas o certo é que mesmo não havendo nada de realmente novo o público não vai deixa de comparecer, se divertir e eu também não ficarei de fora.

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