terça-feira, 20 de setembro de 2011
Queen está montando sua própria banda-tributo para turnê em 2012.
Roger Taylor, baterista do Queen, estava, recentemente, na cidade em que mora, quando viu um pôster que chamou sua atenção. “Dizia ‘Queen no palco’”, Taylor conta à Rolling Stone EUA. "Eu vi no mesmíssimo hall em que costumávamos tocar e tem uma foto bem ruim da banda. Existem tantas dessas bandas que fazem tributo e aí existem também shows orquestrais acontecendo. Muitas dessas coisas não estão à altura, então, queremos fazer tudo direito.”
Reunindo uma turnê de tributo digna de uma atração icônica – um grupo que se mantem tão popular que o cantor Freddie Mercury, morto em 1991, foi homenageado na home do Google há algumas semanas, na data em que faria aniversário de 65 anos – é uma tarefa complicada. Mas Taylor acha que encontrou uma solução criativa que, como ele explica, “manterá a música do Queen viva”. O baterista está pedindo ajuda do público para promover uma competição online para encontrar o grupo para o Queen Extravaganza, um evento que acontecerá em 2012 que contará com uma banda tocando o repertório do Queen, além de imagens inéditas e uma superprodução. A partir desta segunda, 19, as pessoas que acham que dão conta de tocar os riffs de guitarra de Brian May em "Sheer Heart Attack" ou para fazer o melhor vocal de Mercury em "Bohemian Rhapsody" pode submeter suas audições no site www.queenextravaganza.com.
É um empreendimento audacioso, mas que Taylor espera que se tornará uma forma duradoura de lidar com o fato que, conforme a lenda e o legado do Queen continuaram a crescer, ao longo das duas últimas décadas, eles tiveram que tentar diferentes maneiras de fazer turnês após a morte de Mercury. A mais bem-sucedida foi com Paul Rogers, mas Taylor acha que isso chegou ao fim.
A Rolling Stone EUA falou com Taylor a respeito do amor ao Queen, seu próprio futuro musical, alguns de seus não-hits favoritos do Queen e sobre o que os fãs podem esperar quando o Extravaganza cair na estrada em 2012.
É um conceito bastante interessante e audacioso o do Queen Extravaganza, afinal, não era tudo que o Queen fazia extravagante?
Fico muito feliz que ache isso. Além disso, pensamos que Extravaganza era o nome perfeito para algo produzido pelo Queen [risos]. Basicamente, estamos produzindo nosso próprio show, usando nossas próprias imagens e método de produção para fazer um show, porque, vamos combinar, estamos ficando velhos, mas há um monte de bandas de tributo, algumas ruins, outras boas. E organizamos algo que achamos que é puramente extraordinário.
Você fala em ter envelhecido, mas vocês têm se mantido ativos como banda e feito turnê com muitos vocalistas.
Claro, na semana passada mesmo Brian [May] e eu fizemos um evento de caridade para o aniversário de Freddie, tínhamos Jeff Beck, o que foi fantástico, e muitos outros caras, o cara do Keane, Tom Chaplin. Então, ainda podemos fazer isso, mas não acho que queira viajar mais ao redor do mundo fazendo isso. E, claro, não ter o Freddie sempre tornou tudo mais difícil para mim nos últimos 20 anos. É um grande obstáculo, mas esta é uma forma de manter nossa música viva e fazendo isso com os nossos próprios padrões.
Você irá se envolver de alguma forma musical no Queen Extravaganza?
Estamos montando o show agora, então, o que quis fazer foi deixar alguns momentos nos quais Brian e eu poderíamos aparecer e tocar. Então, esta seria uma opção. Mas, no geral, este show não contará com nenhum membro do Queen.
Até este momento, você ainda não viu nenhum teste, então quais aspectos tem achado fascinantes?
O que estou fazendo no momento é, na verdade, a criação do show, a escolha das músicas, as combinações, a ordem das coisas, as luzes. E também escolher elementos de filmagem e efeitos que queremos usar. Mas, como você disse, o processo de seleção ainda não teve início. Estou bem convencido que há por aí milhares de pessoas talentosas em seus quartos, ao redor do mundo, tocando bateria, guitarra e cantando. E eu quero encontrar algumas destas pessoas. E, claro, queremos jovens porque já não os somos [risos]. Então, gostaríamos de caras bonitões para estar nessa banda. Obviamente eles têm que ser bons músicos. Estamos bastante convencidos que eles estão por aí.
Você imagina isso como sendo um show em andamento além do próximo ano?
Em um mundo ideal, sim, e espero que seja algo contínuo. Somos uma banda global – América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia, Austrália. Todas estas coisas são possíveis, então poderia ser uma turnê sem fim.
Certamente o interesse existe, como as pessoas puderam ver a partir do destaque que o 65º aniversário do Freddie ganhou.
Tenho que admitir, Brian e eu ficamos constantemente maravilhados que nossa música ainda toca no rádio. Nos sentimos honrados e sortudos pelo fato de as pessoas ainda gostarem de nossas músicas e delas ainda fazerem sucesso. É um longo tempo na estrada.
Você diz ficar surpreso, mas com certeza sabe que o interesse existe. Não daria para fazer este show se ainda não houvesse tanto amor pela música.
Sim, se sentíssemos que nosso trabalho estava esquecido não faríamos isso, seria algo inútil. É realmente gratificante haver uma demanda para um trabalho desse. Muitos dos jovens não viram o Queen ao vivo, então esta é a chance de fazer algo mais o próximo possível de tal experiência.
Mas vocês fizeram uma turnê extensa com o Paul Rogers.
Sim, e aquilo foi agradável. Gosto de trabalhar com o Paul. Sempre enxergamos aquilo como algo temporário, mas Paul tem uma bela voz. Foi ótimo. Foi quase inesperado e meio que aconteceu organicamente. Acho que aquela fase terminou.
Há chances de alguns shows especiais com ele?
Eu não descartaria. Aliás, li outro dia que o Paul disse que não se importaria em fazer algo. Se algo aparecesse, poderíamos fazer. Talvez nas Olimpíadas ou algo do tipo. Eu certamente não descartaria. Ele é um cantor maravilhoso, não há dúvidas quanto a isso.
Depois de tantos anos, você tem a perspectiva de olhar para o trabalho de vocês e entender por que se trata de algo tão duradouro?
É uma pergunta complicada. Uma coisa que temos hoje, após todos estes anos, é definitivamente perspectiva e diria que o que contribuiu para isso foi que fizemos muitos discos diferentes; houve variedade e também qualidade. Eu diria que foi a qualidade, mas também diria que também foi a variedade de nossa música. Do hard rock para quase rockabilly, para um pouco de funk à grandiosidade.
Considerando que você tem ouvido as canções e visto imagens, há faixas para as quais você acabou desenvolvendo uma nova forma de apreciação?
Quando fazíamos os discos, nunca fazíamos singles, trabalhávamos nos discos e depois escolhíamos os singles. Então, na época, eu teria gostado de faixas completamente diferentes. Eu quero incluir nestes shows não só os singles, mas também outras faixas dos álbuns; quero transitar de forma profunda pelo catálogo. Acho que há verdadeiras preciosidades que merecem estar no show para que as pessoas consigam se deparar com um espectro completo da banda e não apenas uma nova versão do nosso show no Wembley Stadium [de 1986].
Quais destas faixas você gostaria de incluir no show?
Por exemplo, "In The Lap Of The Gods 1 and 2", "Lazing On A Sunday Afternoon", "I'm In Love With My Car", mergulhar mesmo no catálogo. "You Take My Breath Away" estará lá. E, claro, há também alguns dos hits oitentistas que faziam ainda mais sucesso na Europa, como "Her Kind Of Magic".
Há imagens inéditas?
Algumas nunca foram vistas. Há coisas de antes de 1973. Coisas em preto e branco e outros grandes momentos nunca vistos.
O que as pessoas poderão esperar do show, em termos de surpresas?
Isso é muito difícil. Ainda não chegamos nem na metade do caminho na elaboração do show. É difícil falar, mas terão surpresas e elas passarão por diversas fases do Queen e seus looks diferentes. É o máximo que posso falar.
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